sexta-feira, 17 de agosto de 2007

VAMOS A LUTA BRASILEIROS!!!!!

O texto foi publicado no jornal Estado de São Paulo. DE ONDE VIRÁ O GRITO? > "Você também é mais um (ou uma) dos que preenchem seu tempo com ressentimentos passivos? Conhece gente assim? Pois é. O Brasil tem milhões de brasileiros que gastam sua energia distribuindo ressentimentos passivos. > Olham o escândalo na televisão e exclamam " que horror". Sabem do roubo do político e falam "que > vergonha". Vêem a fila de aposentados ao sol e comentam " que absurdo ". Assistem a uma quase > pornografia no programa dominical de televisão e dizem "que baixaria ". Assustam-se com os ataques > dos criminosos e choram " que medo". E pronto! Pois acho que precisamos de uma transição "neste país". > Do ressentimento passivo à participação ativa.". > > Pois recentemente estive em Porto Alegre , onde pude apreciar atitudes com as quais não estou > acostumado, paulista/paulistano que sou. Um regionalismo que simplesmente não existe na São > Paulo que, sendo de todos, não é de ninguém. No Rio Grande do Sul, palestrando num evento do > Sindirádio, uma surpresa. > Abriram com o Hino Nacional. Todos em pé, cantando. Em seguida, o apresentador anunciou o Hino > do Estado do Rio Grande do Sul. Fiquei curioso. Como seria o hino? Começa a tocar e, para minha surpresa, > todo mundo cantando a letra! > "Como a aurora precursora / do farol da divindade, / foi o vinte de setembro / o precursor da liberdade" > Em seguida um casal, sentado do meu lado, prepara um chimarrão. Com garrafa de água quente e tudo. E > oferece aos que estão em volta. Durante o evento, a cuia passa de mão em mão, até para mim eles > oferecem. E eu fico pasmo. Todos colocando a boca na bomba, mesmo pessoas que não se conhecem. Aquilo > cria um espírito de comunidade ao qual eu, paulista, não estou acostumado. > Desde que saí de Bauru, nos anos setenta, não sei mais o que é "comunidade". > Fiquei imaginando quem é que sabe cantar o hino de> São Paulo. Aliás, você sabia que São Paulo tem hino? > Pois é... Foi então que me deu um estalo. Sabe como é que os "ressentimentos passivos" se > transformarão em participação ativa? De onde virá o grito de "basta" contra os escândalos, a corrupção e > o deboche que tomaram conta do Brasil? De São Paulo é que não será. Esse grito exige consciência > coletiva, algo que há muito não existe em São Paulo. Os paulistas perderam a capacidade de mobilização. > Não têm mais interesse por sair às ruas contra a corrupção. São Paulo é um grande campo de > refugiados, sem personalidade, sem cultura própria, sem "liga". > Cada um por si e o todo que se dane. E isso é até compreensível numa cidade com 12 milhões de habitantes. > > Penso que o grito - se vier - só poderá partir das comunidades que ainda têm essa "liga". A mesma que > eu vi em Porto Alegre. Algo me diz que mais uma vez os gaúchos é que levantarão a bandeira. Que buscarão > em suas raízes a indignação que não se encontra mais em São Paulo. > Que venham, pois. Com orgulho me juntarei a eles. De minha parte, eu acrescentaria, ainda: > "...Sirvam nossas façanhas, de modelo a toda terra..." > Abraços

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